Por Emanuel Ferreira*
Você sabia que a toninha (Pontoporia blainvillei) é uma espécie de golfinho endêmica do Atlântico Sul? Ela ocorre apenas no Brasil, Uruguai e Argentina. Sua característica mais marcante é seu rostro extremamente comprido e fino, com uma testa bulbosa.
A toninha é um dos menores cetáceos, podendo atingir até 1,70m, costuma viver em pequenos grupos de dois a cinco animais e tem um comportamento muito discreto, o que a torna muito difícil de ser avistada no ambiente marinho. Ela ocorre em regiões costeiras e se alimenta de peixes, cefalópodes e crustáceos.
Já foram registrados animais com idade máxima de 17 anos para machos e 21 anos para fêmeas, mas somente alguns indivíduos atingem idades superiores a 10 anos. A espécie possui longevidade baixa, comparada com outros mamíferos marinhos como as baleias-azuis (Balaenoptera musculus) que vivem até 80 anos ou os golfinhos-nariz-de-garrafa (Tursiops truncatus) que podem viver até 50 anos.
No ambiente marinho, seus predadores naturais podem ser as orcas e tubarões. O hábito essencialmente costeiro da toninha torna a espécie altamente vulnerável a atividades humanas, como tráfego de embarcações, poluição e principalmente capturas acidentais nas operações de pesca (bycatch), mesmo não sendo alvo de pescaria acabam sendo capturadas sem intenção.
As capturas acidentais são as principais causa de morte da espécie e a toninha é o golfinho mais ameaçado do Atlântico sudoeste. A mortalidade em redes de pesca costeiras é registrada há mais de meio século, principalmente de emalhe, no Brasil, Uruguai e Argentina.
Estudos mostram que em toda sua distribuição morrem em média 2000 toninhas por ano em redes de pesca. E se a mortalidade continuar nestes valores alarmantes os estoques de toninha podem colapsar. Em algumas regiões ao Sul de sua distribuição esse colapso pode acontecer em menos de 30 anos. Encontrar alternativas para diminuir as capturas acidentais é essencial para a conservação da espécie.
A R3 Animal foi responsável pelo segundo caso de toninha reabilitada com sucesso, em 2017. Você pode conferir a história da toninha “Estrela” aqui. Foi a quarta toninha recebida pela R3 Animal, as outras três eram filhotes e não sobreviveram.
*Emanuel Ferreira é oceanólogo, gerente do PMP-BS em Florianópolis, e colabora com o Grupo de Estudos de Mamíferos Aquáticos do Rio Grande do Sul (Gemars) no projeto "Abundância e distribuição da Toninha na área de Manejo I (FMA I) por Monitoramento Aéreo".
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