Mesmo no inverno, o litoral catarinense está movimentado: em Florianópolis (SC), 513 pinguins-de-Magalhães vivos ou mortos já foram registrados até o mês de junho da temporada migratória 2024, quando a espécie parte de suas colônias reprodutivas na Patagônia Argentina e atingem as praias do Brasil, no Sul e Sudeste. A longa viagem acontece, em geral, entre os meses de maio e outubro, motivada pela busca por alimento em águas mais quentes.
A Associação R3 Animal, executora do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS) na ilha de Florianópolis, registrou o primeiro pinguim da temporada em abril, na praia da Joaquina. Em maio, houve mais dois registros: um na Praia do Santinho e outro na Praia Morro das Pedras. Já em junho, o efeito da migração se intensificou e mais de 500 pinguins foram encontrados. Os animais vivos são encaminhados para o centro de reabilitação da associação, onde recebem tratamento veterinário até estarem aptos para soltura.
É esperado que, a cada temporada, a maioria dos pinguins que atingem as praias acabem morrendo. Este ano, dos 513 pinguins registrados em Florianópolis até 30 de junho, apenas 57 estavam vivos (11% do total) e seguiram para a reabilitação.
A maioria dos pinguins resgatados são juvenis e estão em sua primeira migração. Devido à longa viagens e por serem inexperientes, muitos se perdem do bando e ficam desidratados e desnutridos. Além dos desafios naturais, há fatores antrópicos (vindo de seres humanos) que os prejudicam, como captura não intencional por redes de pesca, anzóis e poluição marinha. Por estarem cansados e debilitados, eles atingem as areias da praia e são incapazes de voltar a nadar.
“É normal recebermos esse grande volume de pinguins juvenis, debilitados ou mortos, é o curso da natureza. Só a interação com pesca que não é natural: eles vão atrás do cardume que está sendo pescado, se enredam nas redes e acabam se afogando”, explica Sandro Sandri, veterinário do PMP-BS/R3 Animal.
Um dos pinguins resgatados estava com um anzol preso ao bico, na praia Pântano do Sul, no dia 18 de junho. Com esse petrecho, além do ferimento, o animal começa a enfraquecer por não conseguir mais comer.
O acionamento foi feito por um banhista, que avistou o animal debilitado na praia e chamou resgate. Segundo a equipe veterinária do PMP/R3 Animal, o pinguim teve sangramento por dois dias, que estancou, e agora segue no centro de reabilitação com prognóstico favorável. “Ele teve sorte porque não engoliu o anzol, ficou por fora, só cravado no bico”, informa o veterinário Sandro.
Saiba o que fazer ao encontrar um pinguim na praia: – Se o animal estiver nadando, não se aproxime. Ele pode estar saudável e de passagem; – Não force o pinguim a voltar para água. Se ele atingiu a praia, é porque está cansado ou não consegue mais nadar; – Não o coloque em contato com gelo. Animais debilitados costumam apresentar hipotermia; – Não tente alimentá-lo e afaste animais domésticos; – Se for necessário transferi-lo a um ambiente seguro até o resgate, acomode-o em local seco e aquecido, como caixa de papelão; – Para qualquer contato, utilize luvas de látex, máscara facial e higienize-se em seguida; – Se o pinguim estiver morto ou debilitado na praia, entre em contato com o PMP-BS: 0800 642 3341. ➡️ O Centro de Pesquisa, Reabilitação e Despetrolização de Animais Marinhos (CePRAM/R3 Animal) fica localizado no Parque Estadual do Rio Vermelho, unidade de conservação sob responsabilidade do Instituto do Meio Ambiente (IMA-SC), em parceria com a Polícia Militar Ambiental. ➡️ A realização do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS) é uma exigência do licenciamento ambiental federal, conduzido pelo @Ibamagov, para as atividades da @Petrobras de produção e escoamento de petróleo e gás natural na Bacia de Santos. |